TRADUTOR

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Mudanças na economia deixam previsões do governo sem rumo Equipe não consegue mais projetar o impacto de medidas como alterações no câmbio e até da política fiscal


BRASÍLIA - A tarefa de conduzir a economia está cada vez mais díficil. Medidas para incentivar o crescimento e controlar a inflação que antes garantiam bons resultados hoje não estão fazendo efeito. Essa dificuldade tem levado integrantes do governo a apontar para um fenômeno chamado “quebra estrutural das correlações das variáveis econômicas”. O termo complicado tem um significado simples: o governo não consegue mais resolver os problemas da economia com os remédios clássicos. Na visão de um técnico do governo que trabalha com previsões, não há mais previsibilidade no impacto de mudanças no câmbio, alterações nos investimentos e até mesmo da política fiscal. Ele destaca que o trabalho, agora, é entender essas novas relações.

— Antigamente, a gente sabia que o efeito de uma alta da moeda americana de x% seria de y%, mas agora, essa relação mudou e ninguém sabe mais nada — disse a fonte.

O economista Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e um dos gurus da equipe econômica, endossa a tese dos técnicos do governo e afirma que a quebra das variáveis mostra que “ninguém sabe o que está acontecendo”. Ele destaca que economia não é exata e, nela, o passado não explica o futuro:

— O que difere a economia da física é que na física o átomo é burro. Na economia, o átomo é inteligente e ainda por cima vota.

Delfim usa como exemplo um trabalho de técnicos do Banco Central que mostra como algumas relações mudaram. Ele trata da dicotomia verificada na economia brasileira no período recente. Enquanto o setor industrial apresenta fraco desempenho e tem dificuldades para reagir, o mercado de trabalho encontra-se aquecido e cria pressões sobre a inflação.

— É bom porque os analistas vão ter mais humildade daqui para a frente — afirma Delfim.

Para outros analistas, no entanto, o que acontece hoje na economia brasileira é o resultado da falta de coordenação na condução da política econômica, o que provocou um desarranjo geral.

‘POLÍTICAS EQUIVOCADAS’

O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman diz que não vê indícios de uma quebra estrutural. Ele considera que a economia estaria com respostas normais às políticas equivocadas do atual governo. E lembra que o país ainda tem um histórico muito curto de estabilidade econômica para reconhecer uma mudança real na estrutura das relações.

Segundo Schwartsman, o problema ainda é a coordenação de expectativas. Ele lembra que, no governo Lula, as previsões dos analistas eram confirmadas pelos números, ou seja, havia previsibilidade na economia. Agora, isso não existe mais.

— O que tem na economia brasileira é que está tudo difícil mesmo — afirma.

Para o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, a tradução do termo quebra estrutural é simples: significa que a política econômica anda muito “suja”, ou seja, o governo tem feito estímulos contraditórios:

— Por um lado, há aumento de juros para frear o consumo e, por outro, o BC tenta injetar crédito na economia. Isso quer dizer que a política econômica está muito “suja” — destaca.

Na sua visão, o caminho é rever as fórmulas clássicas de avaliar a política econômica.

— Essa quebra estrutural não é vista só no Brasil, mas também em outros países que adotaram políticas não convencionais. Os modelos terão de ser revistos — afirma.

por :GABRIELA VALENTE MARTHA BECK

GLOBO

quarta-feira, 12 de março de 2014

Inflação oficial acelera em fevereiro, puxada por educação, diz IBGEVariação do IPCA foi de 0,55% em janeiro para 0,69% no mês seguinte. Preços de cursos regulares exerceram maior impacto, com alta de 7,64%.

A inflação ganhou força em fevereiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que mede a inflação oficial do país, por ser usado como base para as metas do governo – acelerou para 0,69% em fevereiro, após teravançado 0,55% no mês anterior.  Em fevereiro de 2013, a taxa foi de 0,60%. O que mais pesou sobre o desempenho da inflação oficial foi o grupo de gastos com educação, cujos preços subiram 5,97%, influenciados pelo aumento do valor das mensalidades dos colégios. Nos cursos regulares, o avanço foi de 7,64%, "o maior impacto individual", segundo o IBGE. Nas mensalidades dos cursos diversos, como de idioma e informática etc, a alta foi de 5,95%. Na sequência, entre os maiores impactos está o exercido pelo grupo alimentação e bebidas, cuja alta passou de 0,84% para 0,56% de janeiro para fevereiro. Mesmo apresentando resultado inferior ao de janeiro, exerceu o segundo maior impacto sobre o IPCA. O desempenho foi influenciado pelos preços dos alimentos comprados para consumo dentro de casa. A variação passou de 0,90% para 0,22%. O leite longa vida, por exemplo, ficou mais barato (-3,65%), mas, em compensação, os preços de hortaliças e verduras subiram 11,42%. "Os alimentos foram responsáveis por conter o índice geral. Parte dos itens mais sensíveis, como as hortaliças e o tomate, foi afetada pela falta de chuva no mês de janeiro e isso causou um impacto também nos índices", disse Eulina Nunes dos Santos, da Coordenação de Índices de Preços. Influenciado pelos preços de aluguel, que subiram 1,20%, e de condomínio, que tiveram alta de 0,80%, o grupo habitação registrou variação maior em fevereiro, passando de 0,55% para 0,77%. Também mostraram avanços acima das taxas de janeiro os grupos saúde e cuidados pessoais (de 0,48% para 0,74%) e comunicação (de 0,03% para 0,08%). O grupo artigos de residência apresentou variações maiores: de 0,49% para 1,07%. Os outros grupos mostraram taxas negativas em relação a janeiro: vestuário (de -0,15% para -0,40%) e transporte (de -0,03% para -0,05%), com destaque para as passagens aéreas, que ficaram 20,55% mais baratas. Rio e Brasília  No ano, de janeiro a fevereiro, o IPCA acumula alta de 1,24%, abaixo da variação do mesmo período de 2012, quando ficou em 1,47%. Já nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,68%, acima dos 5,59% relativos aos 12 meses anteriores. A  maior variação do IPCA no mês partiu da região metropolitana do Rio de Janeiro (1,07%) e a menor, de Brasília (-0,12%). "Os serviços continuam aumentando além da inflação, como os alimentos consumidos fora do domicílio, que sobem mês a mês acima da própria inflação. Brasília tem uma estrutura de consumo mais rica de passagens aéreas. Elas têm um peso grande. Como as tarifas estão mais baratas, isso puxou o índice pra baixo", disse Eulina Nunes dos Santos. INPC  Também divulgado nesta quarta-feira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,64% em fevereiro, depois de subir 0,63% em janeiro. No ano, a variação é de 1,27% e, em 12 meses, de 5,38%. Em fevereiro de 2013 o INPC foi de 0,52%. Inflação (Foto: Editoria de Arte/G1) (Foto: Editoria de Arte/G1) Do G1, em São Paulo

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Inflação oficial perde força em janeiro de 2014, diz IBGEIPCA foi o menor para o primeiro mês do ano desde 2009. Resultado foi puxado pela queda nos preços das passagens aéreas.


 A inflação perdeu força no início de 2014, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que mede a inflação oficial do país, por ser usado como base para as metas do governo – desacelerou para 0,55% em janeiro, após ter avançado 0,92% no mês anterior. O resultado do primeiro mês do ano foi puxado pela queda nos preços das passagens aéreas.
De acordo com o IBGE, esse índice foi o menor para janeiro desde 2009 – na ocasião, a variação foi de 0,48%. Em janeiro do ano passado, o IPCA foi de 0,86% e, em 12 meses, acumula alta de 5,59%.
Entre os grupos de gastos analisados pelo IBGE para o cálculo do índice, o principal responsável pela desaceleração foi o de transporte. Depois de ter subido 1,85% em dezembro, a variação de preços caiu para 0,03%.
Dentro do grupo de transportes, o item que exerceu maior influência foram as passagens aéreas. Os preços caíram 15,88% em janeiro, após terem subido 20,13% em dezembro. Também contribuíram para reduzir a taxa do IPCA os preços dos combustíveis, cuja variação recuou de 4,12% para 0,77%; e os preços da gasolina, que subiram menos, passando de 4,04% em dezembro para 0,6% em janeiro.
No entanto, outros itens que compõem o grupo de gastos com transportes mostraram resultados opostos: as tarifas dos ônibus intermunicipais subiram 1,76%, contra 0,25% em dezembro; e as tarifas de táxi aumentaram 3,28%, contra 0,18% no mês anterior.
Os artigos de vestuário apresentaram recuo nos preços e caíram 0,15% em janeiro, após um avanço de 0,8% com as festas de final de ano.
O grupo comunicação também apresentou taxas menores, de 0,74% para 0,03% na passagem de dezembro para janeiro, bem como o de artigos de residência, de 0,89% para 0,49%.
A variação dos preços de alimentos também ficou menor de dezembro de 2013 para janeiro de 2014, passando de 0,89% para 0,84%. O maior impacto partiu do item carnes, com alta de 3,07%.
"Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os preços chegaram a aumentar 5,88%. Vários produtos ficaram mais caros, alguns subindo mais e outros menos que no mês de dezembro", aponta o IBGE em nota.
Entre os grupos que mostraram aceleração na taxa de crescimento de preços de um mês para o outro, o destaque ficou com as despesas pessoais, passando de 1% para 1,72%.
"O cigarro se constituiu no principal impacto no índice do mês, na mesma posição do item carnes. Com aumento de 7,79% e impacto de 0,08 ponto percentual, a alta do cigarro refletiu parte do reajuste médio de 12% em vigor desde 2 de dezembro em determinadas marcas e regiões, o reajuste de 14% vigente a partir de 31 de dezembro e, ainda, parte do reajuste de 12% de 13 de janeiro", diz o IBGE.
Também tiveram alta os gastos com saúde e cuidados pessoais (de 0,41% para 0,48%), habitação (de 0,52% para 0,55%) e educação (de 0,05% para 0,57%).
"O que mais cresceu em relação ao mês anterior foi o grupo educação, influenciado por aumentos registrados nos itens leitura (de 0,17% para 1,62%) e papelaria (de 0,46% para 1,95%), além dos cursos regulares (de 0% para 0,36%)."
Novas cidades 
Desde janeiro, o IBGE passou a incorporar a Região Metropolitana de Vitória e o município de Campo Grande no IPCA e no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Até dezembro de 2013, as pesquisas eram feitas com informações das Regiões Metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além de Brasília e Goiânia.
INPC 
O INPC, também divulgado pelo IBGE na manhã desta sexta-feira, apresentou variação de 0,63% em janeiro, abaixo do nível de 0,72% registrado em dezembro. Após ter fechado 2013 em 5,56%, o acumulado dos últimos 12 meses recuou para 5,26%. Em janeiro de 2013, a taxa havia sido 0,92%.

Do G1, em São Paulo