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sexta-feira, 22 de julho de 2011

POLÍTICA, ECONOMIA & IMPRENSA: RELEMBRANDO UMA DAS MAIORES MENTIRAS SOBRE IMPERATRIZ



Há pouco mais de quatro anos, no mês de maio do ano de 2007, Imperatriz foi vítima de um ardiloso plano de enrolação da consciência crítica de seu povo. A partir do Poder Executivo, tentou-se, a todo custo, vender uma imagem de Imperatriz que era absolutamente falsa, errada, mentirosa.

Na raiz de tudo, o interesse político mesquinho, que pretendia (e fez) repassar pela mídia (TV, rádio, jornais, outdoors, panfletos...) que Imperatriz estava onde nunca esteve. Para minha tristeza profissional, tudo se deu -- nenhuma novidade nisso... -- com o conluio de parte da Imprensa e omissão de outra parte, que nunca se questionou para saber se os dados trombeteados eram realmente verdadeiros. Nada.

Quatro anos depois, relembro essa história aqui, com a republicação de texto que, em 16 de julho de 2007, foi divulgado em jornal de São Luís (aqui, quem haveria de?...).

A parte dos dados numéricosa leitura ficará menos fácil, mas com vontade e sentimento chegar-se-á ao entendimento. (EDMILSON SANCHES)

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A CLASSIFICAÇÃO DE IMPERATRIZ ENTRE OS MUNICÍPIOS "MAIS DINÂMICOS" DO BRASIL


(EDMILSON SANCHES)

“A divulgação de informação, precisa e correta
é dever dos meios de comunicação pública,
independente da natureza de sua propriedade”.
(Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, artigo 2º)


Políticos, jornalistas, editores, diretores e donos de jornais, TVs e rádios ficam velhos. Morrem.


Deveriam fazê-lo com dignidade. Se não por respeito a si mesmos, ao menos pelas lindas atividades que deveriam zelar, limpando-as da desconfiança e da lama.


O mais recente número da revista Imprensa diz, em matéria de capa, que mais de 80% dos jornalistas sofrem pressões para fazer o que a ética da profissão condena. Sobretudo, diz a revista, isso acontece na imprensa do interior.


Menores os veículos de comunicação, maiores os elementos de pressão, menor a resistência dos donos de jornais, rádios e TVs ao dinheiro “sem dono” que vem sobretudo das prefeituras.


Não é sem razão que a “venda” da linha editorial de um jornal é chamada de “jornalismo de cifrões” ou, mais comumente, mercenarismo.


Mercenários eram soldados que, mediante pagamento, defendia interesses de quem lhes dava dinheiro. Eles não queriam saber sequer se lutavam contra seus princípios, contra sua consciência (que talvez não tivessem), contra sua pátria ou comunidade. Nada disso importava aos mercenários. Eles eram, tão-só, uma mercadoria posta no balcão das negociações, prestando serviços a quem desse mais. É por isso que a mesma palavra latina (mercis) que deu origem ao substantivo e adjetivo “mercenário” ou “mercenarismo” é a mesma de onde se originou o substantivo “mercadoria”.


Tão velha quanto o procedimento dos mercenários é a vontade por dinheiro fácil de donos de órgãos de imprensa e de incertos jornalistas. Falar de ética, para eles, é falar de “frescura”, é “estar fora da realidade”, é pedantismo. Não passou pela cabeça que, se alguém quer mesmo é pegar em dinheiro, treinasse para ser caixa de banco.


Um ex-vereador vem contar ao colunista como ele mesmo levou maletas abarrotadas de dinheiro para comprar o “apoio” de jornal aqui no sul do Maranhão a um candidato a prefeito.


O simples fato de uma empresa ou uma prefeitura anunciarem em um jornal, ou destinarem-lhe uma verba miserável todo mês, já é uma “vacina” que imuniza os pagantes contra críticas, contra segundas opiniões. Jornalismo investigativo, então, Deus me livre!, perderam essa aula.


Não se comparam dados, não se cotejam declarações, não se buscam opiniões de especialistas, publicam-se balanços, relatórios e atos oficiais da forma mais ilegível possível... e nada de jornalismo em cima disso. A lei que se leva em consideração é a do menor esforço: copiam-se releases até nas vírgulas e erros, com ou sem assinatura de assessorias; no dia seguinte, apresentadores, colunistas e rádios e TVs pautam-se maiormente nesse mesmo ramerrame que não corresponde à inteligência e ao desejo de liberdade dos profissionais de comunicação que alugam corpo e mente para fazer jornal, não para praticar jornalismo.


* * *


Desde a segunda semana de maio, no mínimo, órgãos de Imprensa de Imperatriz e São Luís vêm publicando que a cidade está “entre os 27 municípios mais dinâmicos do Brasil”. Durante os últimos dois meses aguardei uma correção ou contraditório. Não havendo, decidi fazer os seguintes registros, para conhecimento da população em geral, sobretudo para orientação de estudantes, pesquisadores, de jornalistas e outros profissionais que dêem valor à verdade.


É verdade que Imperatriz recebeu um dos 27 troféus concedidos pela revista Atlas do Mercado Brasileiro, do grupo do jornal paulista Gazeta Mercantil, mas não porque nosso município tenha sido “um dos 27 mais dinâmicos do país”. A verdade é que o município está caindo, e muito, em seu percentual de participação no Índice de Potencial de Consumo (IPC), indicador que acompanho desde 1998 e que é calculado pela consultoria Florenzano Marketing, de São Paulo, contratada da Gazeta Mercantil, que utiliza os dados levantados e com eles elabora o Atlas do Mercado Brasileiro, publicação anual daquele tradicional jornal paulista.


E por que Imperatriz foi premiada entre 27 cidades? Porque são 27 Unidades da Federação (26 estados e um distrito federal) e, pelos critérios da premiação, considera-se um município de cada estado para receber o troféu, a partir do desempenho aferido segundo a metodologia própria da empresa Florenzano Marketing.


Por esse critério, Imperatriz apresentou percentual de desempenho maior que o de São Luís no ano de 2006, levando a cidade a receber o troféu em 2007. Na edição de 2006 (ano-base 2005), a capital maranhense apresentou índice de 82% da média brasileira, enquanto Imperatriz ficou com 73%.


Em 2007 (ano-base 2006), São Luís caiu 15 pontos percentuais, ficando com 67% da média e ocupando a posição 277, e Imperatriz caiu dois pontos, baixando para 71% da média, mas ocupando a posição 265. Ou seja: Imperatriz não foi premiada porque foi a melhor, mas, sim, porque foi a “menos pior”, caiu 11 classificações, de 254 em 2006 para a 265 em 2007, menos do que São Luís, que caiu 62 pontos, de 215 em 2006 para 277 em 2007.


Na pesquisa, tanto Imperatriz quanto São Luís estão entre os últimos classificados de todo o país. Ambas as cidades vêm caindo muito no ranking do Atlas do Mercado Brasileiro. Mas, como Imperatriz “caiu menos” do que sua “concorrente” no Maranhão, levou um dos 27 prêmios. Aí, de maneira antiética -- e visivelmente de exploração política de quem, administrativamente, tem pouco em que se segurar – o material informativo e publicitário subverteu a quantidade de estados e colocou a cidade enviesadamente como uma das 27 mais dinâmicas do Brasil. A classificação verdadeira de Imperatriz é o 265º lugar, representando uma queda de 11 posições em relação a 2006, quando ocupava o 254º lugar. Portanto, falta de ética governamental somou-se ao cabresto e passividade que conduzem diversas redações, gerando uma deformação jornalística e moral (imoral). Quem recebeu a informação correta não se manifestou, creditando isso a “problema” ou “interesses” do colunista. A técnica e a ética jornalística, nem lembrar. O leitor para o qual foi empurrada olhos e ouvidos adentro a informação mentirosa é o mesmo a quem se deve a verdade. Se não foi a Administração municipal (esta sim, interessada e interesseira) a origem deste mau exemplo de desinformação, alimentada por uns e outros jornalistas, pelo menos deveria ter desfeita a indébita apropriação. Governar é, também, dar exemplo de moralidade.


Jornais há que chegaram a publicar (ou a reproduzir material sem assinatura) que a “revista Atlas do Mercado Brasileiro coloca o município [Imperatriz] entre os 27 mais dinâmicos do Brasil”. O conceituado anuário nacional nunca “colocou” isso. Como a performance de Imperatriz não se eleva, ela está sempre entre os últimos municípios, aqueles classificados como “abaixo da média nacional”, segundo os termos do “Atlas do Mercado Brasileiro” (as outras classificações são: “na média nacional” e “acima da média nacional”.


Embora não seja agradável para quem quer o melhor para sua cidade, deve-se fazer uma escolha entre a mentira que ocupa quase todos os espaços e a verdade que busca encontrar pelo menos uma vez um canto para ser apresentada.


IPC – Segundo o Atlas do Mercado Brasileiro, em 2001 Imperatriz tinha índice de 0,117%. Em 2005, caiu para 0,084%. Em 2006, foi para 0,085%. E, na edição de 2007, o Atlas mostra uma grande queda, de 12 pontos, ficando com 0,073%. Esse percentual representa o índice de participação de Imperatriz em todo o consumo brasileiro, que, de acordo com os estudos, é de R$ 1 trilhão 400 bilhões. Em termos nominais, o consumo imperatrizense saiu de R$ 860 milhões em 2001 para R$ 1 bilhão 022 milhões em 2007 (ano-base 2006).
CLASSIFICAÇÃO – Considerados os dois últimos anos do Atlas do Mercado Brasileiro, Imperatriz ocupava em 2006 a posição nº 254 entre 300 municípios. Em 2007, essa classificação foi ocupada pelo município de Cascavel (Paraná) e Imperatriz caiu 11 pontuações, ficando em 265.


Os 27 municípios mais dinâmicos do Brasil são: Macaé (RJ), em 1º lugar, e, do 2º ao 27º lugar: Sumaré (SP), Cabo Frio (RJ), Caucaia (CE), Nova Lima (MG), Betim (MG), Lauro de Freitas (BA), Marabá (PA), Santa Luzia (MG), Aparecida de Goiânia (GO), Cotia (SP), Hortolândia (SP), Valparaíso de Goiás (GO), Gravataí (RS), Jataí (GO), Petrolina (PE), Santana de Parnaíba (SP), Sertãozinho (SP), Macapá (AP), Cubatão (SP), São Bento do Sul (SC), Balneário Camboriú (SC), Paulínia (SP), Sorocaba (SP), Palhoça (SC), Mossoró (RN) e Bebedouro (SP).

(EDMILSON SANCHES)

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