A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, negou nesta quarta-feira (29) que existam recursos públicos envolvidos na fusão do grupo Pão de Açúcar e a rede Carrefour no Brasil. Segundo a ministra, esta não será uma operação de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
"Essa é uma operação enquadrada pelo BNDES não é operação de crédito do BNDES. Não tem recurso público, envolvido, nem FGTS nem Tesouro. É o BNDESPar que vai fazer isso. É ação de mercado, portanto, não tem nada a ver com decisão de governo", disse a ministra.
O BNDESPar é um braço de participações do banco em empresas privadas. A ação, portanto, não passa pelo crivo do governo.
No Congresso, líderes da oposição criticaram a participação do BNDES na operação da possível fusão entre as redes atacadistas.
Gleisi participou na tarde desta quarta-feira (29) da primeira reunião da Câmara de Política de Gestão, Desempenho e Competitividade do governo federal, que tem entre seus coordenadores o empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão de açúcar. Segundo Gleisi, o encontro da Câmara de Gestão não tratou da fusão das empresas.
"Foi uma enorme coincidência", disse Gleisi sobre a presença de Abílio Diniz.
Coordenador da Cãmara de Gestão, o empresário Jorge Gerdau reafirmou que a fusão entre as duas empresas não envolve recursos públicos. "É uma operação de mercado e não de financiamento público. É uma operação de mercados de capitais", disse.
Na análise de Gerdau, a fusão das duas empresas, caso venha a ocorrer, não deve resultar em uma redução de empregos.
"O mercado da área de distribuição está crescendo de tal forma que não deve ter desemprego. A área comercial é a que mais gera emprego. Se fecha aqui abre outra. O comercio como todo a que mais cresce", disse.
Críticas da oposiçãoO líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), afirmou nesta tarde que não haveria interesse público na participação do BNDES na transação e que o país estaria deixando de incentivar pequenas e médias empresas para favorecer grandes conglomerados.
“A maior parte dos recursos é canalizada para um seleto grupo de grandes empresas ao passo que as pequenas e médias empresas, principais responsáveis pela geração de trabalho e renda no Brasil, permanecem esquecidas”, afirmou Demóstenes na tribuna do Senado.
O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), afirmou que o BNDES está privilegiando “megaempresários” com dinheiro público, fugindo de sua função de “banco social”.
“Achamos um absurdo [a participação na fusão]. É preciso que pelo menos retirem o ‘S’ do BNDES. Essa aplicação dos recursos exclui a hipótese de banco social. O que há é um banco privilegiando megaempresários no país com recursos públicos.”
Já o líder do PSOL, Randolfe Rodrigues (PA), seguiu o mesmo tom dos colegas: “Quem gera trabalho e renda no Brasil são as pequenas e médias empresas.”
CautelaDiferentemente dos integrantes da oposição, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi cauteloso ao analisar a fusão, apontando “vantagens” e “desvantagens” do negócio.
“O CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] tem que avaliar todas as questões [da fusão], mas o que estamos vendo é uma empresa se organizar para ocupar o cenário internacional. A vantagem é que é uma empresa que tem mais condição de se inserir no mercado, baixar preços, ter competitividade a nível nacional e internacional. A desvantagem é que é preciso fazer fiscalização para que não haja monitoramento de preços, para que não haja prejuízo para o consumidor”, analisou.
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